Hipócrates, pai da medicina, declarava que o cérebro é o portador de nossas alegrias e tristezas e que através de seu funcionamento aprendemos ou modificamos nossos comportamentos, conforme nos inserimos ao ambiente que vivemos.
Segundo Cosenza, todos os seres vivos necessitam estarem em permanente interação com o meio em que vive, para assim conseguirem se adaptar a esse meio e procurar respostas as suas necessidades, como fome, reprodução e outros perigos. Dessa forma o sistema nervoso se encarrega de estabelecer uma comunicação com o mundo ao redor e também com as partes internas do organismo.
Hipócrates dizia também que nossos processos mentais, como atenção, pensamento, julgamento, são frutos deste funcionamento. Durante a evolução de nossa espécie o cérebro evoluiu significativamente, principalmente as células neuronais, que com estímulos externos se especializaram na recepção e condução de informação, passando por um processo de organização que originou a formação de redes mais complexas.
Conzenza, 2011, afirma que os neurônios processam e transmitem informações através de impulsos elétricos que percorrem toda a extensão desta célula. O neurônio é dividido em três partes: corpo celular, axônio e dendrito. No corpo celular encontra-se todas as informações genéticas, assim como o núcleo, as organelas, complexo golgiense, lisossomos, ribossomos, corpúsculo de nisse, mitocôndria e o retículo endoplasmático. Os dendritos são as ramificações, onde sua função é ampliar a área de captação de informações liberadas através dos impulsos químicos. De acordo com Relvas:
“Os
neurônios, constituídos por estruturas capazes de conduzir
informações, são capazes de estabelecer sensações, percepções,
sentimentos e funções inconscientes e involuntárias do sujeito que
aprende. Sua forma é diversificada, porém a grande maioria é
alongada, para facilitar sua função. O humano é organizado por 86
bilhões de neurônios e 10 milhões de conexões.”(RELVAS, 2015,
p.40)
Quanto maior a ramificação maior será a quantidade de informação tendo, desta forma, mais precisão destas. Axônio é o caminho entre o corpo celular e o botão sináptico, serve como condutor elétrico das sinapses. Este filamento é coberto por uma gordura chamada bainha de mielina e possui intervalos que denomina-se nódulos de ranvier, o que dá a sinapse uma proporção saltatória desses estímulos.
Segundo Ramon Conzenza, 2011, a comunicação entre um neurônio e outro, chama-se sinapses e elas podem ser elétricas ou químicas ( também chamadas neurotransmissores). Elas serão elétricas quando forem geradas no corpo celular e se transformarão em químicas na transmissão de informação de um neurônio a outro.
O cérebro é formado por cerca de 100 bilhões de neurônios, que estão a todo momento em atividade, transmitindo e recebendo informações do meio externo, formando assim o sistema nervoso central, posicionado em um lugar estratégico bem no alto do corpo humano, captando assim todos os sentidos recebidos no corpo inteiro.
“ Todos
os estímulos do nosso ambiente causando sensações como dor, calor,
e todos os sentimentos, os pensamentos, a programação de repostas
emocionais e motora, as bases neurais da aprendizagem e da memória,
a ação de drogas psicoativas, as causas de distúrbios mentais e
qualquer outra ação ou sensação o ser humano não podem ser
entendidos sem o fascinante conhecimento do processo de comunicação
entre os neurônios.” (RELVAS, 2009 p,25)
Observando um cérebro cortado pode-se verificar os neurônios da seguinte forma: parte cinzenta é o corpo celular dos neurônios e a parte branca são os axônios, e essa cor é devido a bainha de mielina.
A substância cinzenta também é conhecida como córtex cerebral, ou seja, parte das células neuronais que estão organizadas em circuitos complexos encarregados das funções como a linguagem, memória, planejamento de ações, raciocínio crítico, etc.
Para uma melhor adaptação do indivíduo ao meio ambiente, nossos sentidos foram desenvolvidos para a captação, transporte até o cérebro e a resposta desse estímulo. Essas três características são conceituadas em irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Sendo necessária a classificação dos neurônios em: aferente (sensitivo), onde sua função é levar as informações até o sistema nervoso central e eferente (motor), que é responsável pela condução das informações do sistema nervoso central para os músculos e glândulas. Segungo Consenza:
“A
energia mecânica aplicada à pele de um dedo impressiona receptores
táteis, que desencadeiam impulsos nervosos que viajam por fibras
nervosas presentes nos nervos. Os nervos são cordões constituídos
de prolongamentos de neurônios que ligam o sistema nervoso central
aos órgãos periféricos. As fibras que trazem a informação tátil
a conduzem até o interior do sistema nervoso ( no caso, a medula
espinhal, situada no interior da coluna vertebral), repassam essa
informação a um segundo neurônio, que tem a função de
transportá-la até outras células nervosas, e finalmente atingem o
córtex cerebral. Essa região, especializada no processamento das
informações táteis, fará com que identifiquemos a estimulação
original, bem como a sua localização.”(CONSENZA, 2011, p.17)
O cérebro está dividido em direito e esquerdo, como também em cinco regiões, que chamamos de lobos e seus nomes estão relacionados ao nosso crânio envolvido, são eles: lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal e lobo occiptal, e o lobo límbico que se encontra ao redor da junção do hemisférios cerebral e o tronco encefálico, sendo através dele que esta envolvido aspectos relacionados ao comportamento emocional sexual e com o processamento da memoria.
Na vida escolar os alunos aprendem desde cedo que possuímos cinco sentidos, mas além dos cinco possuímos outros e, entre eles, um que é pouco mencionado: o cinestésico, que é responsável pela posição do corpo no espaço, como também os movimentos que são executados. Segundo Conzenza:
.
“As
informações nelas geradas nos permitem manter o equilíbrio,
conhecer a distribuição do corpo no espaço e executar com
perfeição os movimentos dos diferentes grupos
musculares”.(CONSENZA, 2011, p. 20).
De acordo com Ramon Conzenza, 2011, todo esse sistema começa sua formação nas primeiras vinte quatro semanas de gestação, sendo fundamental uma gravidez tranqüila e saudável. Nessa fase da vida há uma formação de neurônios muito maior do que a real necessidade para o funcionamento humano, e isso se dá devido à necessidade de células neurais que não se localizarão no lugar correto no cérebro. Se estes erros não forem corrigidos poderá ocorrer os distúrbios ou até mesmo a incapacitação para toda vida, vindo a precisar de estratégicas pedagógicas especiais. Consenza, relata que:
“...Muitas
células são descartadas ao final, ou porque não se localizaram no
lugar certo, ou porque não conseguiram formar as ligações
necessárias, ou ainda porque as ligações formadas
não
eram corretas ou não se tornaram funcionais...”(CONSENZA, 2011, p.
31)
E precisamente o lobo frontal.le afirma ainda que, “... muitas sinapses formadas inicialmente irão também desaparecer, por um processo de retração axonal, ou de “desbastamento” sináptico”. (CONZENZA, 2011, p. 31).
Como diz Relvas (2009), o cérebro é o maior instrumento da evolução humana, e para que suas potencialidades não se percam é necessário usa-lo, em toda a sua plenitude. Para isso se faz importante conhece-lo por completo, pois o conhecendo você pode-la trabalhar da melhor forma com ele.
Quando se pensa em cérebro se remete a memoria, algo tão importante para sobrevivência humana, sendo através dessa memoria que conseguimos andar, comer, e muitas outras ações, sem que precisássemos aprender todo dia as mesmas ações.
Tendo o cérebro uma área especifica denominada Hipocampo que recebe as memorias de longa ou curta duração, fazendo assim uma breve seleção daquilo que é importante e descartando aquilo que não possui relevância para ele, enviando as ações importantes para o córtex cerebral, mais
“O
lobo frontal funciona como um “coordenador geral” de todas as
memorias é responsável pela guarda de informações, bem como de
classifica-las de acordo com seus diferentes tipos. Nessa área
cerebral, as diferentes memórias se completam dando origem ao
raciocínio.” (RELVAS,2009 p,60)
Nossas memórias são frutos de experiências particulares que temos no decorrer de nossas vidas, por essa razão nenhuma pessoa possui o cérebro igual á de outra pessoa, como nos fala Consenza (2011), na espécie humana, somos seres biologicamente iguais, mais não existe dois cérebros idênticos, pois os detalhes das conexões entre os neurônios são os frutos da história pessoal de cada individuo.
Por essa razão o nosso encéfalo é algo fascinante e que todos nos, seres humanos e profissionais que somos da educação, temos o dever de conhece-lo, mais e mais para assim desenvolver um trabalho pleno que atribua todas as características positivas para que ocorra assim a aprendizagem significativa. De acordo com Cosenza:
“... do ponto de vista neurobiológico a aprendizagem se traduz pela formação e consolidação das ligações entre células nervosas. É fruto de modificações e consolidação das ligações entre células nervosas. É fruto de modificações químicas e estruturais no sistema nervoso de cada um, que exigem energia e tempo para se manifestar. Professores podem facilitar o processo, mas, em ultima analise, a aprendizagem é m fenômeno individual e privado e vai obedecer as circunstancias históricas de cada um de nós.” (CONSENZA, 2011, p. 38).
Com relação a todos esses conhecimentos a cerca do cérebro pode se observar que no biológico o cérebro está pronto para aprender, e a todo momento ele esta a observar e assimilar cada informação que recebe do meio externo.
Cabe aos professores a plena consciência de se saber trabalhar de forma instigante, favorecendo o aprendizado. Um ponto importante sobre o funcionamento do cérebro diz respeito à emoção, sendo através desse sentimento que o indivíduo reage ou não a determinadas situações as quais são expostas.
A emoção está presente em tudo, seja em interações, aprendizados, isolamentos, e ela que nos leva a reagir a ações movidas pelo mundo externo, para ser mais especifica quem comanda essas emoções se situa em uma região pequena do cérebro que se chama amigdala cerebral, ela esta incluída num conjunto de estruturas encefálicas que esta denominado como sistema límbico, nesse sistema se controla as emoções e os processos de motivação do ser humano. Segundo Cosenza, quando se refere á amigdala :
“Ela é um aglomerado de neurônios de organização complexa, que tem múltiplas conexões com ouras áreas do sistema nervoso. Através dessas conexões a amígdala age como um centro coordenador, que dispara comandos que poderão provocar, por exemplo, o aumento da vigilância e as modificações viscerais (taquicardia, sudorese, dilatação da pupila.), além de promover a secreção de hormônios da glândula suprarrenal, que tem o papel importante nas emoções como o medo e a raiva.” (CONSENZA, 2011, p. 77).
É inegável a importância que a amigdala exerce na vida de um ser humano, pois e através dela que as emoções são processadas e transmitidas para o nosso corpo através de sensações como dores, aceleramento cardíaco entre outros sintomas e os sentimentos que passam pela nossa mente e que se sente.
Dessa forma, ao falar sobre emoção não se pode esquecer-se de um filosofo que sempre atribuiu emoção a educação, Wallon , ele carregou a bandeira de que há um emocional e um neurológico que permeia e que com isso definem como e que a matéria orgânica seguirá seu percurso determinando assim aquilo que ela vê, sente , descobre e principalmente, que ela elabora.
E com isso o ser humano sempre nos fascina a cada dia mais e mais, compreende-lo é função primordial do professor, pois se o professor não se conhece ele nunca poderá se reconhecer no outro, e então muito menos poderá aprender e ensinar esse indivíduo.
As emoções são algo inevitável, e devem estar correlacionadas com a aprendizagem, sendo através dessa junção e que o educando aprende-la com facilidade e motivação.